BC mostra mais pessimismo com a inflação deste ano; veja, com tradução, os 6 trechos essenciais da mensagem

Dinheiro Público & Cia

O Banco Central divulgou uma ata de 32 parágrafos para explicar por que elevou sua taxa de juros de 12,25% para 12,75% ao ano e quais são suas intenções daqui para a frente.

Mais pessimista com a inflação deste ano, a mensagem desta quinta (12) pode ser resumida em seis trechos essenciais, reproduzidos abaixo com a devida tradução do idioma do BC.

“Para o conjunto de preços administrados por contrato e monitorados, projeta-se variação de 10,7% em 2015, ante 9,3% considerados na reunião do Copom de janeiro. Entre outros fatores, essa projeção considera hipótese de variação de 8% no preço da gasolina (…) e de 38,3% nos preços da energia elétrica.”

Tradução – “O tarifaço [disparada das tarifas públicas e outros preços monitorados pelo governo] será mais forte do que esperávamos.”

Nota – Na ata anterior, de janeiro, o Copom (Comitê de Política Monetária) projetava alta de 27,6% nos preços da eletricidade.

A projeção para a inflação de 2015 aumentou em relação ao valor considerado na reunião anterior e permanece acima da meta de 4,5%. (…) Para 2016, as projeções de inflação diminuíram (…), mas ainda encontram-se acima da meta.”

Tradução – “A inflação pode (ou deve) estourar o teto de 6,5% neste ano.”

Nota – O mercado projeta inflação de 7,7% neste ano e de 5,5% em 2016. A meta de 4,5% tem sido ultrapassada desde 2010; o teto foi estourado pela última vez em 2003.

“O fato de a inflação atualmente se encontrar em patamares elevados reflete, em grande parte, a ocorrência de dois importantes processos de ajustes de preços relativos na economia –realinhamento dos preços domésticos em relação aos internacionais e realinhamento dos preços administrados em relação aos livres. (..) Esses ajustes de preços fazem com que a inflação se eleve no curto prazo e tenda a permanecer elevada em 2015.”

Tradução – Além do tarifaço, a alta do dólar também faz a inflação subir, mesmo com a economia em retração.

Nota – Na ata anterior, havia nesse trecho a previsão, agora suprimida, de que a inflação iniciaria ainda neste ano um “longo período de declínio”.

“O Copom destaca a estreita margem de ociosidade no mercado de trabalho, que tem arrefecido na margem, mas pondera que ainda prevalece risco significativo relacionado, particularmente, à possibilidade de concessão de aumentos de salários incompatíveis com o crescimento da produtividade.”

Tradução – “O desemprego ainda terá de subir mais para tirar o fôlego da inflação.”

Nota – Com pequenas variações, o trecho tem sido repetido há meses pelo BC. Em janeiro, o desemprego mostrou a primeira alta no governo Dilma Rousseff.

“Os avanços alcançados no combate à inflação – a exemplo de sinais benignos vindos de indicadores de expectativas de médio e longo prazo – ainda não se mostram suficientes.”

Tradução – “Os juros vão subir mais.”

Nota – O trecho repete o da ata anterior, que precedeu uma alta de 0,5 ponto percentual dos juros.

“Avaliando o cenário macroeconômico e as perspectivas para a inflação, o Copom decidiu, por unanimidade, elevar a taxa Selic em 0,50 p.p., para 12,75% a.a., sem viés”

Tradução – “Como a inflação continua muito alta, o Comitê de Política Monetária do BC ainda não sabe quando poderá parar de subir os juros.”

Nota – A taxa Selic, fixada pelo BC, já subiu 5,5 pontos percentuais desde abril de 2013, e a inflação não cedeu.

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