Deficit com o exterior cai, mas supera expectativas do BC em fevereiro
A disparada das cotações do dólar reduziu o deficit do Brasil nas transações de bens e serviços com o resto do mundo, mas os resultados ainda estão aquém das expectativas oficiais.
Em fevereiro, o país gastou US$ 6,9 bilhões acima de suas receitas em operações como comércio, pagamento de juros e dividendos, aluguel de equipamentos e viagens internacionais.
Trata-se de uma queda em relação aos US$ 7,4 bilhões de fevereiro de 2014, mas o Banco Central projetava um deficit de US$ 6,4 bilhões.
Com o dólar mais caro, os brasileiros tendem a importar menos e a reduzir gastos nas viagens ao exterior. Em fevereiro, as despesas de turistas no exterior caíram de US$ 1,9 bilhão, em 2014, para US$ 1,5 bilhão.
Essa despesa, que passou por uma escalada nos últimos anos, tende a refluir agora -ainda mais com a tendência de queda da renda nacional. O montante do mês passado é o menor desde fevereiro de 2011.
A decepção se concentra no desempenho das exportações. Com a desvalorização do real, os produtos brasileiros ficam mais baratos para os compradores estrangeiros, estimulando as vendas. No entanto, os preços internacionais dos produtos agrícolas e minerais, estratégicos na pauta brasileira, desabaram nos últimos meses.
Com isso, a balança comercial fechou com deficit de US$ 2,8 bilhões em fevereiro e US$ 6 bilhões no primeiro bimestre. O BC conta com a volta dos superavits para reduzir o deficit brasileiro de US$ 91,3 bilhões, contabilizados em 2014, para US$ 80,5 bilhões neste ano.
Ser deficitário nas transações com o resto do mundo não é necessariamente ruim ou bom. Trata-se simplesmente de um sinal de que famílias e empresas consomem e investem mais do que poupam.
No mundo desenvolvido, há tanto casos de contas no vermelho -Estados Unidos, Reino Unido e Austrália, por exemplo- quanto no azul -como Japão, Alemanha e Suécia.
Mas países emergentes, cujas moedas não são aceitas nos negócios globais, correm riscos maiores quando acumulam deficits elevados, porque dependem de suas reservas em moeda forte.
Para não ficarem sem divisas, esses países precisam tomar empréstimos ou atrair investimentos estrangeiros. Quando os dólares escasseiam, suas cotações sobem, como acontece neste ano no Brasil.
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