Plano de concessões é modesto diante da retração do investimento no país
As cifras do plano de concessões recém-anunciado pelo governo Dilma Rousseff podem impressionar à primeira vista, mas são modestas diante da retração do investimento no país nos últimos anos.
Se tudo correr como o previsto, o que raramente acontece, o programa levará a desembolsos privados de cerca de R$ 70 bilhões até 2018. Investe-se hoje no Brasil R$ 1,1 trilhão por ano -o que é muito pouco.
Trata-se de menos de 20% da renda nacional, ou seja, do Produto Interno Bruto. Segundo o Plano Brasil Maior, lançado no primeiro mandato de Dilma, a taxa a ser perseguida é de 25%, sendo 22,4% em 2014.
Ou, dito de outra maneira, o país deveria estar investindo -ou seja, gastando em obras de infraestrutura e equipamentos destinados a ampliar a capacidade de produzir- pelo menos R$ 150 bilhões a mais por ano.
Os investimentos privados e públicos vivem, porém, um ciclo inusitadamente prolongado de queda, iniciado no segundo semestre de 2013.
Boa parte dos motivos que levaram a esse encolhimento está longe de se dissipar. Do lado privado, a taxa de juros brasileira, uma das mais elevadas do mundo, não pode ser reduzida devido à alta da inflação.
Em estado de penúria orçamentária, o governo não tem mais como reduzir impostos nem ampliar os recursos destinados às obras públicas -incluindo os do banco oficial de fomento, o BNDES.
Chega ao fim, na prática, a estratégia que embasou o PAC (Programa de Aceleração do Crescimento), lançado em 2007: acreditava-se que a expansão dos investimentos públicos estimularia o setor privado.
Resta, por enquanto, apostar no sucesso da privatização de serviços públicos.
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