O Brasil vive uma depressão?

Dinheiro Público & Cia

Com o encolhimento da economia além do esperado neste ano e a piora das expectativas para 2016, parte dos analistas passaram a defender que o Brasil vive não simplesmente uma recessão, mas uma depressão.

A temida palavra começou a ser pronunciada com mais frequência a partir de 1º de dezembro, quando foram divulgados os números do PIB (Produto Interno Bruto) do terceiro trimestre.

“O que começou como uma recessão puxada pelas necessidades de ajuste está se transformando, agora, em uma depressão econômica clara“, disse Alberto Ramos, do banco Goldman Sachs.

A retração atual, de fato, é atípica na história do país. Iniciada no ano passado, deve se arrastar até o final do próximo ano, de acordo com as projeções mais consensuais.

Consideradas as expectativas atuais, o triênio 2014-2016 será um dos piores da história recente, com queda média anual do PIB de 1,9%, só inferior aos 2,1% do período 1981-1983. Mas as previsões pioram a cada semana.

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Não há, na teoria econômica, uma distinção clara entre recessão e depressão. A primeira é uma piora prolongada e generalizada da atividade econômica; a segunda é basicamente a mesma coisa em doses muito mais intensas.

Há, portanto, uma larga margem para subjetivismos nas classificações. Numa velha piada, recessão é quando seu vizinho perde o emprego; depressão é quando você perde o seu.

Em coluna publicada pela Folha, o economista Samuel Pessôa definiu uma recessão como uma interrupção temporária de um ciclo de crescimento econômico; já uma depressão seria uma reversão da tendência de crescimento, em que o PIB cai e permanece em ritmo fraco depois.

Esse critério pode caracterizar como depressão a crise do início da década de 1980, quando o país deixou para trás uma era de forte crescimento e passou a colecionar resultados medíocres nos anos seguintes. Para a crise atual, seria necessário mais tempo de observação.

Ainda assim, as taxas recentes de queda do PIB brasileiro não se comparam às de episódios já chamados mais consensualmente de depressões. No caso mais recente, a Grécia chegou a acumular seis anos seguidos de recuo da economia, com média anual de -4,97% entre 2008 e 2013.

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