Trapalhadas com Orçamento precipitaram rebaixamento da nota de crédito do país
O novo rebaixamento da nota de crédito do Brasil não apenas era esperado como, na prática, já estava em curso no mercado.
Afinal, não pode ser considerado investimento seguro emprestar a um governo cuja dívida cresce enquanto a arrecadação de impostos cai -e cuja presidente não consegue, quando tenta, interromper o processo.
A dívida pública brasileira, a caminho de se tornar equivalente a 70% da renda nacional, é a maior e a mais cara entre os países emergentes.
Com uma taxa de juros quase 7% acima da inflação anual esperada, e a economia encolhendo, não é preciso muito conhecimento matemático para notar que a conta não fecha.
Seria necessário que o governo poupasse parte de suas receitas para o abatimento de sua dívida. Mas Dilma Rousseff não tem apoio nem de seu partido para aprovar no Congresso medidas para elevar a arrecadação e conter as despesas mais importantes.
Para precipitar a queda da nota de crédito do Brasil, faltava apenas uma formalidade: o reconhecimento oficial, no Orçamento de 2016, de que essa poupança não será feita.
Foi assim em setembro, quando a Standard & Poor’s rebaixou a dívida brasileira depois que o Executivo elaborou uma proposta orçamentária com deficit.
Foi assim agora, com a Fitch, depois que o Palácio do Planalto desistiu publicamente de se comprometer com um superavit equivalente a 0,7% do PIB (Produto Interno Bruto, medida da produção e da renda do país) -que já seria insuficiente.
“As repetidas mudanças nas metas fiscais minaram a credibilidade da política fiscal”, como diz, até diplomaticamente, a nota da agência.
Ninguém acreditava mesmo que tal meta poderia ser cumprida. Esperam-se deficits de 1,3% do PIB neste ano e de 0,9% no próximo.
Mas, quando o governo faz a entrega oficial dos pontos, com direito a apostas na queda do ministro da Fazenda, não há mais como sustentar o benefício da dúvida.
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