Resultado do PIB cria chance de evitar pior recessão já medida
Com o desempenho menos desastroso da economia no primeiro trimestre, abriu-se a possibilidade, ainda frágil, de que a recessão atual não se torne a pior já medida com precisão no país.
Pelos critérios da Fundação Getulio Vargas, o ciclo recessivo em curso já completou dois anos. Nesse período, o PIB (Produto Interno Bruto, medida da produção e da renda do país) acumulou queda de 7,1%.
Trata-se, sem nenhuma sombra de dúvida, da pior crise desde o lançamento do Plano Real, em 1994. As comparações ao longo desse período são mais seguras, uma vez que não há mais hiperinflação a distorcer os números.
Para períodos anteriores, o IBGE dispõe de dados trimestrais desde os anos 80, com mudanças metodológicas a partir de meados dos 90. Eles mostram apenas duas grandes recessões comparáveis à atual.
A primeira delas durou nove trimestres entre 1981 e 1983, no governo Figueiredo, com queda de 8,5% do PIB; a segunda, 11 trimestres entre 1989 e 1992, do final do governo Sarney até a derrocada do governo Collor, com encolhimento de 7,7% do produto.
Ao menos até março, esperava-se que, com a continuidade da recessão, a queda acumulada do PIB chegasse a 8,7% ao final deste ano. De lá para cá, o cenário mudou.
O primeiro trimestre, sabe-se agora, não foi tão ruim quanto se imaginava. Uma queda de 0,3% equivale a uma estabilidade; o índice de atividade do Banco Central mostrou encolhimento de 1,4%.
Houve, além disso, o afastamento da presidente Dilma Rousseff, celebrado por empresários e investidores. Ainda não está claro, porém, o quanto o governo Michel Temer será capaz de melhorar os humores do mercado.
Sondagens setoriais mostram algum arrefecimento do pessimismo geral. O exemplo principal é o índice de confiança do setor de serviços, apurado pela FGV, que subiu em maio pelo terceiro mês consecutivo.
Os serviços -que incluem atividades tão diferentes quanto educação, saúde, trabalhos domésticos, comércio e intermediação financeira- respondem por 72% do PIB. Esse grupo de atividades encolheu apenas 0,2% no primeiro trimestre, depois de cair 2,7% em 2015.
É muito cedo, contudo, para apostas mais otimistas de recuperação. Os indicadores de confiança, mesmo os que melhoraram, permanecem em níveis historicamente baixos; a viabilidade do programa econômico de Temer ainda é incerta; a Lava Jato continua semeando incerteza na arena política.
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