BC vê inflação menor e reforça aposta em queda do juro; leia, com tradução, os 5 trechos essenciais da mensagem

Dinheiro Público & Cia

O Banco Central divulgou uma ata de 33 parágrafos para explicar por que decidiu, na semana passada, manter sua taxa de juros em 14,25% ao ano e quais são suas intenções daqui para a frente.

O documento, que pode ser o último sob a gestão de Alexandre Tombini, mostra mais otimismo com a inflação e reforça apostas numa queda mais rápida dos juros.

A mensagem pode ser resumida em cinco trechos essenciais, reproduzidos abaixo com a devida tradução do idioma do BC.

“O Copom decidiu, por unanimidade, manter a taxa Selic em 14,25% a.a.”

Tradução – “No BC, ninguém mais acha necessário subir os juros.”

Nota – Copom é o Comitê de Política Monetária, formado pela cúpula do BC. Nas reuniões anteriores, em janeiro, novembro e março, dois diretores votaram pela elevação da taxa.

“Houve redução da projeção para a inflação em relação ao valor considerado na reunião anterior, tanto para 2016 quanto para 2017. A projeção para 2016 se situa acima da meta de 4,5%, enquanto a projeção para 2017 encontra-se ao redor da meta.”

Tradução – “Não cumpriremos a meta de inflação neste ano, mas aumentaram as chances de cumprimento em 2017.”

Nota – A inflação está acima da meta desde 2010. As projeções para 2017 estão caindo devido à recessão e à queda do dólar, impulsionada pelo avanço do processo de impeachment da presidente Dilma Roussseff.

“O Comitê reconhece os avanços na política de combate à inflação, em especial a contenção dos efeitos de segunda ordem dos ajustes de preços relativos.”

Tradução – “O pior do tarifaço e da disparada do dólar já passou.”

Nota – A inflação passou dos 10% anuais com a alta do dólar e das tarifas de energia elétrica, mas os juros altos esfriaram o consumo e evitaram que outros preços subissem tanto.

“No entanto, considera que o nível elevado da inflação em doze meses e as expectativas de inflação distantes dos objetivos do regime de metas não oferecem espaço para flexibilização da política monetária.”

Tradução – “Os juros devem baixar, mas não tão cedo.”

Nota – A maior parte do mercado acredita que a taxa cairá a partir de setembro, mas as expectativas podem melhorar ou piorar dependendo das ações do provável novo governo.

“Relativamente ao resultado fiscal estrutural e a depender do ciclo econômico, o Comitê pondera que o balanço do setor público encontra-se em zona expansionista.”

Tradução – “Com o governo gastando além do que pode, a inflação tende a continuar elevada.”

Nota – Pela primeira vez, o BC reconhece o que todos os analistas já apontaram: a tentativa de ajuste fiscal iniciada em 2015 não está funcionando.

Leia mais: a tradução da ata de março

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